O que aconteceu



Não é suficiente
por Maurício Camilo, para a Global Network, 2011.


Uma tormenta de 24 horas assolou São Gonçalo em 05 de abril de 2010. Con um investimento do governo local que não superou 1,96% do total para reduzir os riscos dos desastres naturais, ambas as variantes ambiental e humana colaboraram para o surgimento de um grande desastre com níveis elevados de perdas.

O Complexo do Salgueiro, que compreende 12 bairros da cidade de São Gonçalo, situada a 25 km da capital do estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Na noite de 5 de abril de 2010, o Estado do Rio de Janeiro foi surpreendido por uma tormenta, com aproximadamente 288 mm de chuva durante mais de 24 horas com tranbordamentos de rios, como o Alcântara, que divide a cidade. Foram registradas inundações de ruas e estratadas, deslizamentos de terra e bairros inteiros ficaram submersos. De acordo com informação do Departamento de Bombeiros em um comunicado oficial (09/04/2010), o Estado do Río de Janeiro registrou perdas de 212 vidas, 16 na cidade de São Gonçalo. Neste mesmo município foram desalojadas 36.450 pessoas e ficaram desabrigadas outras 8.718.

O bairro das Palmeiras, situado na periferia da cidade, onde vivem de 10 a 12.000 pessoas em alguns pontos a água passou dos 2 metros de altura. Todas as casas, todas as edificações da comunidade ficaram 100% submersas e até hoje se ouve com frequência frases como: perdi tudo!

Para não morrer por afogamento, milhares de pessoas buscaram refúgio nas lages das casas, outros tiveram que abandonar o local com canoas improvisadas. E inclusive hoje em dia os residentes desta comunidade buscam respostas. Se se trata de uma área de risco, situada abaixo do nível do mar por que nunca se transferiu a comunidade para um lugar mais seguro?

O desastre agravou os problemas relacionados com a "ignorância sobre a saúde, a falta de condições sanitárias e a utilização inadequada dos resíduos domésticos (plásticos, metais, madeira, resíduos orgânicos).

A catástrofe de Abril/2010 deu a conhecer com grande intensidade a falta de preparação e a falta de políticas públicas para salvaguardar as vidas dos que ocupam as áreas de risco de inundações e deslizamentos de terra na cidade. A perplexidade se deriva de informação dos estudos técnicos realizados pelo Centro de Análises e Prevenção de Desastres Geológicos / Departamento de Recursos Minerais (2009). A falta de preparação para fazer frente às inundações era de conhecimento comum, portanto, o socorro a 2.700 famílias no bairro das Palmeiras se deu várias horas depois da tragédia, sobretudo porque se deu sobre um terreno acidentado, muito longe do centro da cidade. Mas o que causou mais perplexidade foi que a publicação do Decreto Municipal 384/2005, de 31/12/2005 advogava pela "ativação da Defesa Civil Municipal para as chuvas de verão e a elaboração do plano de alertas". Com o que se pode deduzir a negligência ante uma tragédia anunciada!

O objetivo hoje em dia segue sendo a busca de soluçõies a duas grandes áreas: atenção e prevenção.

Assistência no âmbito da atenção à milhares de vítimas das inundações e deslizamentos de terra desalojadas e desabrigadas. A solução chegou pela primeira vez através do resgate e várias doações para repor parte do que foi destruído, seguido da assistência social mediante o registro para pagamento de mn "auxílio social" e a articulação da atenção médica de emergência através das Forças Armadas, para lutar contra a proliferação de enfermidades próprias deste contexto.

No âmbito da prevenção o governo local promete levar à cabo um plano para combater a sedimentação e a contaminação do rio Salgueiro e a aplicação do Sistema de Defesa Civil para as chuvas de verão através dos Decretos 327/2010 e 328/2010.

O vídeo acima foi preparado para alertar que não é suficiente. São fotografias que mostram onde e como o desastre ocorreu. Fotografias das pessoas que sofreram o desastre e ainda hoje sofrem com os efeitos das inundações.

Trata-se de um relato em vídeo preparado, com apoios da Habitat Brasil e da CARE Brasil, para contar o que aconteceu em São Gonçalo e publicado pela Rede Global para a Redução de Desastres. Uma grande rede internacional de organizações não-governamentais e sem fins lucrativos trabalhando juntas para melhorar a vida das pessoas afetadas por desastres em todo o mundo.